TALVEZ, UM DIA ...
Talvez, um dia ...
Talvez, um dia, eu possa apagar
a ultima página do livro imaginário
do nosso passado...
Já apaguei os pesadelos
gerados pela sua volubilidade,
Apaguei as palavras amargas,
pronunciadas nos momentos
de descompensação,
repetidos tantas vezes.
Apaguei as lembranças
que me pareciam boas,
as lembranças más,
as impostas pela convivência,
que não amenizavam sofrimentos.
Apaguei as mágoas
que só a mim incomodavam.
E agora que, conscientemente,
lhe retribuo toda a sua indiferença,
resta-me apagar a saudade doentia
que, caprichosamente, teima
em minar minhas forças
debilitadas pelas tempestades da vida,
e fechar com chave de ouro
a última página do livro imaginário
do nosso tempestuoso passado,
registrando a última palavra
que, sensatamente, me resta escrever :
FIM ...
Maria Nascimento Santos Carvalho