O vale da morte incurável
Desta vida levarei somente enganos,
Mas com a certeza de que nunca fui feliz!
Tudo penei!E ainda estou a penar!
E por isso vou caminhando na escuridão vazia,
Sozinho... De cabeça cabisbaixa e olhar sempre triste,
Com o brilho da alma apagado,
O olhar fixo na rua deserta e sombria
Do vale da morte incurável,
Que cega do que nunca vi;
Nunca vi um reflexo meu de sorriso intenso,
Nem sombra da sombra do que nunca fui
Para fazer-me distrair ao menos parte da tristeza
Que mora em cada canto, em cada olhar meu!
Nesta vida amarga e endoidecida
De sonhos vão, pois nem neles tenho descanso!
E tudo é reflexo da angústia agonizante
Que fere o que já é ferida eterna!
E de tanto querer tudo,
Tudo vejo voando ao longe e nada abarco!
E quando me falta palavra à boca
Na ânsia de querer dizer tudo o que se passa,
Logo me calo, pois o silêncio diz tudo e bem alto!
Se sou incapaz de sentir outra coisa
A não ser remorso de mim mesmo,
Pois já não mais tenho esperança,
Sou um sonho perdido dentre tantos outros meus!
E estou a fazer guerra por nada
E contra quem não é meu inimigo,
Antes fosse só um desconhecido,
Mas estou guerreando contra à própria vida,
A qual nunca venço!
Todos os dias são sempre a mesma rotina
E entre as mãos sinto o coração despedaçado
Como se fosse pétalas de flor;
São como águas passadas
Que ainda passam em minha frente
E sempre a atordoar o pensamento
Em uma vida sem prazer,
Sem lógica e com um tom sem tom de vida,
Onde tudo é somente uma fachada
De tudo que há por trás da própria vida!