RETALHOS DA VIDA
RETALHOS DA VIDA
Onde andará a antiga meiguice?
Que eu via transbordar
Nos jovens rostos
Hoje, quase todos são mesmice
Não têm para onde fugir
Sem conhecer a realidade
São tragados na mociedade
Pela crua fatalidade
Aprendizes de curso a distância
Robotizados sem infância
A maioria na juventude
Vivem um pesadelo em plenitude
Observo as etapas da jornada
E vejo a existência massacrada
A menina que não dançará
Como a elegante Alicia
O menino que não sorrirá
Ao soprar suas notas ao vento!
Os mísseis ganharam as batalhas
Destruindo desconhecidos territórios
Antes mesmo que bandeiras
Pudessem ser levantadas
E vozes pudessem ser ouvidas
Pedindo socorro ou gritando PAZ
Os oceanos não irão transbordar,
Pois as lágrimas de todas as mães
Irão outro dilúvio anunciar
Que nossas vidas estão sendo rasgadas
E jogadas aos montes de abutres
Desde as pequenas chacinas locais
Ou nos enormes desertos
Repletos de vorazes chacais
Vejo o sangue da vida
Escorrendo nas manchetes dos jornais
As crianças sem brinquedos e quintais
Pequenos seres que nascem marginais
Sentindo a vida ser-lhes tirada
Desfeita em desbotados retalhos finais.