Segunda chance
Pouco se sabe sobre o homem
Que subiu em seu carro e partiu.
Como se fosse um desejo que consome,
Tomou-se de velocidade rumo ao rio.
Não fez pouco o destino imparcial,
Cobrou-lhe apenas a responsalibidade.
Nada mais, nada menos, somente igual
Ao que cobra de todos: infelicidade.
Seu pai não se conteve de dor,
Infinita e concreta no coração.
Uma imagem para esquecer o que for,
Daria tudo para não ter a recordação.
O corpo desmaiado nada pedia,
Inconsciente talvez quisesse como louco
Uma nova oportunidade de ver o dia
Numa época sã e sem malogro
Quando acordou, era sua última lembrança
Um rol de pessoas em vultos sem aparência
Juntando aos seus pés, sem esperança,
Pleiteando o milagre da sobrevivência.
Embora não apareça o atributo que é
A sorte pura naquele instante o contemplou
Com a vida de volta, nos braços de sua mulher,
Aos pés dela, chorando se ajoelhou.