Brincadeira Sem Graça

O que entendo desta vida?

Percebo que nem sei quem sou;

É uma dádiva querida

Ou aqui perdido estou?

Há tempos perdi minha paz,

Na felicidade não acredito;

O amanhacer calafrios me traz,

Não sou filho de Deus bendito?

Perguntas sem respostas me envolvem,

A razão dá lugar a loucura;

Os dias devagar se movem

Para mais prolongar minha tortura.

O ânimo me abandona a alma,

Toma seu lugar o vazio insano;

A menor brisa tira-me a calma,

Sou resto do que foi um ser humano.

Infortúnios diversos batem-me à porta;

Ingênuo, Eu os deixo entrar de bom grado,

Deixando seco, como a flor morta

Meu pobre espírito, deveras amargurado

O que vem depois de tantar dor?

Isto eu me pergunto a cada dia;

Será que vale esta vida de horror,

Se só o que me espera é a terra fria?

Gostaria eu de ter a coragem;

O fim a navalha logo iria decretar,

Mas eu sigo vivendo nesta miragem

Até que a moléstia dela venha me libertar.

A vida é uma brincadeira sem graça;

Pobre de quem neste jogo entra,

Pois quando o espelho da ilusão se estilhaça,

No íntimo humano a dor logo adentra.

FernandoNogueira
Enviado por FernandoNogueira em 08/08/2009
Código do texto: T1742762
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