Brincadeira Sem Graça
O que entendo desta vida?
Percebo que nem sei quem sou;
É uma dádiva querida
Ou aqui perdido estou?
Há tempos perdi minha paz,
Na felicidade não acredito;
O amanhacer calafrios me traz,
Não sou filho de Deus bendito?
Perguntas sem respostas me envolvem,
A razão dá lugar a loucura;
Os dias devagar se movem
Para mais prolongar minha tortura.
O ânimo me abandona a alma,
Toma seu lugar o vazio insano;
A menor brisa tira-me a calma,
Sou resto do que foi um ser humano.
Infortúnios diversos batem-me à porta;
Ingênuo, Eu os deixo entrar de bom grado,
Deixando seco, como a flor morta
Meu pobre espírito, deveras amargurado
O que vem depois de tantar dor?
Isto eu me pergunto a cada dia;
Será que vale esta vida de horror,
Se só o que me espera é a terra fria?
Gostaria eu de ter a coragem;
O fim a navalha logo iria decretar,
Mas eu sigo vivendo nesta miragem
Até que a moléstia dela venha me libertar.
A vida é uma brincadeira sem graça;
Pobre de quem neste jogo entra,
Pois quando o espelho da ilusão se estilhaça,
No íntimo humano a dor logo adentra.