SÓ HOJE TIVE CORAGEM

Eu que muitas vezes alcoolizado, tive relação não me lembro onde, e muito menos com quem. Deveria ter sabido, que o alcoolismo é o pai da promiscuidade, e que a promiscuidade, por sua vez, é a mãe da marginalidade. A mensagem abaixo transporta o sofrimento dos deserdados filhos de alcoólatras oriundos de uma paternidade ou maternidade irresponsável.

"Sobre um pivete morto a balas num dia qualquer, de um mês

qualquer, e sepultado como um qualquer"

Sou um filho ocasional

De uma louca prostituta

Meu berço foi um jornal

No piso da laje bruta

Minha mãe morreu jogada

O meu pai eu nem conheço

Só no fim da madrugada

Que chapado eu adormeço

Sou apenas um suspeito

Aos olhos da sociedade

Pois sou filho do defeito

Como crê a humanidade

Sou pivete sou sem nome

Pelas ruas que eu erro

Aprendi matar a fome

Exercendo a lei do ferro

A rua foi minha escola

Nas carteiras da sarjeta

Delirei cheirando cola

Abraçado a uma escopeta.