UM VELHO: RETRATO DE UMA VIDA.



Eu olho um velho sério, calado e tristonho,
Sem conseguir vê-lo como um jovem que foi um dia,
Os traços, as muitas rugas no rosto não negam a idade,
Lembranças, recordações é seu retrato, diferente da bela fotografia.

As mãos enrugadas, de quem muito carinho ofertou,
Na cabeça de cabelos quase deserto, cansaço e muita dor,
Aquela juventude, a falta de juízo, os amores já deu seu fruto,
Nos olhos o medo, a dependência, de quem anseia cuidado, calor.

Ele é como um espelho e eu miro-me e confusa confesso,
Com receio da idade carasca da vida, se conseguir chegar lá,
O tempo corre, e eu olho para tudo que um dia não vai mais ser,
Com a certeza das cicatrizes profundas que não posso evitar.

Aquela vida alegre que ele tinha, ficou num canto do passado,
E de tudo que foi, sonhou, realizou, só as saudades lhe faz companhia,
Ao velho e decaído no azilo, no caminho da morte a percorrer,
Deixa para todos experiência de vida, e um sorriso sem alegria.

SALVADOR. 12/07/09.
DOCE VAL.