MENDIGO

Maltrapilho,

sózinho no mundo

expulso dos lares,

vagador das estradas

onde não encontra paradas,

sómente destinos incertos.

Lázaro das praças,

devassador dos lixos

catador de migalhas,

sombra de homem,

de vida rasgada,

maltrada, jogada,

no lamaçal das vergonhas.

Na noite sem sono

nem sonho,

o céu como teto,

devaneia em transe

sua vida de outróra,

que foi boa

e hoje lhe maltrata.

Menino-homem,

velho antes dos vinte,

vestes rotas

envolta em trapos,

carente de comida,

sem documento,

ausente do mundo

tem no entanto,

a dádiva de Deus.

27-07-2009