Baile de Máscaras
Conte-me as mentiras em que quero acreditar
Acredite nos véus que podem ser rosários
Não me lembre da verdades que são fantasmas a nos atravessar
Dê-me o buquê
Não olhe para ti mesma como alguem presa à uma cela
Não encare os dragões que podes por à adormecer
Olha-te nos teus próprios olhos e minta com o desespero da culpa
Ponha a tiara de cristal
Borre tua maquiagem sujando minha camisa branca
Não valse sem olhar as estrelas, mas não solte a minha mão
Acredite nas mentiras, mas não quebre o espelho de teu quarto
Com lágrimas, sorria
Cruze o horizonte de túmulos e lápides com cheiro fresco
Ande num vestido rosa e babado por entre as esperanças esvanecidas
Não pare de andar mesmo que os espinhos rasguem toda tua meia três-quartos
Desfile pelo vale dos suícidas
Naquele vestido sujo e rasgado, com cheiro putrefo
Saca-me para a valsa do fim do mundo
Sinta o ardor de tudo se fazer em nada no desespero da tua alma
Cheiro de sangue, de flores