Indigente
Quando olhei, custei para acreditar....
Quando eu achava que tinha problemas....
Preste atenção na história que eu vou contar,
Homem de muita idade, um nobre ancião,
Que com seu fiel vira-lata, dividia cada pão...
Roupas rasgadas e sujas naquela gelada garoa,
Mas em seu cão não deixara cair nenhuma gota,
A Vida é dura, mas seu coração é mole,
Talvez por isso não tenha dado sorte,
Num mundo de hipocrisia e vertigem,
Onde somente os canalhas sobrevivem,
Não pedi para nascer nesse inferno, ele também não,
Mas cada um luta pela sua razão,
O tempo passava e eu ali parado,
Fiquei um momento, parado observando ,meio impressionado,
Custando a acreditar, que sua roupa assim como sua comida,
Com seu bom cachorro era toda dividida,
No canto úmido, que ele chamava de lar,
O enorme papelão não deixava ele se enxarcar,
Fiquei pensando como teria sido,
Se nada daquilo tivesse acontecido,
A música do meu rádio me trazia mais dor,
Mas aquilo não era um clipe, eu via um homem sofredor,
Virei de costas, subi as escadas,
Em meu rosto escorreram várias lágrimas,
Lágrimas que lavavam minha alma com a clareza,
De que um mundo melhor se faz com pureza,
Me deu uma incrível vontade de voltar e descer, mas.....
O pior é que.....
Não havia o que fazer...
Eu achava que tinha problemas....
Mulher, dinheiro, fama,
Tudo o que eu queria era pura ganânica,
Religuei o som e corri pra entrar no metrô,
Cada estação que passava me subia um calor,
Poderia ser talvez uma dor,
Um arrependimento de ser um homem sofredor,
A lágrima que veio a seguir...
Foi talvez a mais pesada e dura que eu já senti,
Apenas uma lágrima reprimida, eu chorava por dentro,
Dentro da minha alma, somente lamentos,
Na minha cabeça apenas questionamentos,
Por que tanta dor, por que tanto sofrimento,
Se Deus existe onde ele está,
Tentava dizer sem a ele desrespeitar,
Não escutei uma resposta,
Mas isso já não mais me importa,
O metrô anunciou minha estação...
Então sai....e atrás de mim se fechou a grande porta...