De quê se sustenta a vida?

De quê adianta?

Corpos perfeitos,

seleção de perfeitos ao seu redor,

se o rancor não rebate

uma perda próxima?

Num arrependimento,

de um pressentimento

que nunca mais

a paz,

com talvez quem se amou mais,

ficou pra trás?

De quê se sustenta a vida?

Dores maiores que

a concepção dos prazeres?

Dores marcantes,

eternas,

por pessoas ternas

que, talvez, internas

não seriam tão mais

quanto outros sentimentos

pelas tais?

De que me valem os dons?

O ver mais longe

o descrever a alma,

se, na calma,

acabamos por sofrer,

sempre sofrer?

De que seriam as menções

sem os perdões?

De que seriamos nós

sem nossos erros?

só nossos apelos

já degradam

nossa pobre alma...