FUGA
Quero fugir em busca do infinito,
Buscar quem cabe ansiedade acalmar,
Pois vejo sómente desgraças num mundo cruel,
Guerras, fome, crianças perecendo de fome,
E os abutres aguardando pacientes seus restos,
Para devorarem depois suas carcassas de ossos.
Não é justo tamanhas maldades que ferem,
Subtrair alimentos de crianças indefesas,
Que perecem nas fugas para destinos incertos,
Pois horizontes onde antes habitavam tão calmas,
Bombas fragmentaram suas míseras moradas,
E sofrem nas intempéries de savanas estéreis.
África dos horrores onde etnias se destroçam,
Em guerras tribais mesmo existindo misérias,
E os que sobram das crueldades que exterminam,
Se apropriam depois dos escombros que restam,
Promovendo matanças dos miseráveis sem teto,
Não respeitando sequer mães que procuram seus filhos.
Quero ser peregrino nas estradas poeirentas,
Para ver horizontes que acalmem minhas dores,
Mesmo que os pés se machuquem e surjam feridas,
Num suplício em honra dos que mais sofrem nas guerras,
Velhos em trapos que no final de suas caminhadas,
Não podem repousar em paz todos seus cansaços.
16-07-2009