Sob a Madrugada
Sob a escuridão do luar tímido
Triste, o coração abria mais que o ozono
E o amanhecer do meu sofrimento era húmido,
A tal ponto de minha ânsia musicar meu sono
Na beira da madrugada tudo era possível
Mas eu, inebriada de frio
Solicitava a Zeus o fulgor inesquecível
Para então beber todas as horas de brio
Prestes a terminar minha musa
A ressaca do pear às escuras
Fazia ecoar toda a tibieza
Pois, agora minhas mãos eram turras
Se bem que as unhas tortas
Tentavam ilustrar a cacografia
Nesta noite à qual dependia a inspiração
As blusas emanavam como hortas
Não sei se só eu quem escrevo
Quando apenas vejo que solitário
Em uma mesa sem nenhum acervo
A ociosidade evadia-se no locatário
Seja nesta beira madrugal
Seja nessa leitura quiçá inesperal
Lembrei de quanto pobre sou
Embora conteste o lugar aonde vou…
ESCRITO 22 de Junho de 2009