DA MORTE DO POETA
A dor que me corrói as entranhas,
Deixa minha visão turva divisar
Olhares de compaixão em redor.
Sente-se essa dádiva maravilhosa
Chamada vida
Render-se às forças
Invasoras que se apossam
Deste corpo.
Já num raro lampejo de consciência
Pergunto-me sobre qual mais importante:
Autor ou obra?
Apenas a lembrança
Da musa que me inspirou
Em tantos dos escritos
Em que revelei velado amor.
Sem a qual
Não existiria autor,
Muito menos obra.