ELEGIA
Eu sempre lhe oferto meu amor,
A minha atenção e meu esforço,
E quando triste estás, eu sempre torço,
Para acabar tão logo o rumor...
Eu te ofereço flores e carinho,
E dou meu coração como presente,
E fico saudosista quando ausente,
E do silêncio que é-me como espinho...
E assim sempre solícito na vida,
Ao ver a indiferença, quanto asco,
É o mesmo que um coice – que um casco.
Machuca, mas prossigo em minha lida.
É duro ver assim a mesquinhez,
Fazendo das pessoas esculturas,
Deixando suas almas tão escuras,
Na sórdida e falsa polidez...
Prossigo do teu lado na jornada,
Porém percebo certa apatia,
E mostro-te uma luz que irradia,
Mas vejo então que é vão – não vale nada...
E penso assim estar agindo errado,
Queria me mostrar indiferente,
Mais dói esse veneno de serpente,
Que, às vezes, é-me assim presenteado...
E paro pra pensar por um momento,
Em tudo que vivi até agora,
Mas penso se não é hora de ir-me embora,
Não é fácil o coração nesse tormento...
Não sei mais que fazer vivendo assim,
Pois a tristeza agora me consome,
E sempre sinto – sempre – uma fome:
De amor, companheirismo – tudo enfim...
A mente, então, parece entrar em pane,
E foge das mãos, certo controle,
Procuro então um bálsamo que bole,
Fazendo na consciência um exame.
A cada dia morro em desespero,
A vida esvai-se como grão de areia,
O sangue já não corre pela veia,
A vista escurece sem esmero...
E nesse limiar em que estou,
O meu caminho quase não há nada,
E chove nele; sempre é madrugada,
O sol não brilha mais – já invernou...
O gelo toma conta e quer reinar,
Porém, minha alma busca toda essência,
Na flor da amizade e experiência,
Pra chama não morrer – se expirar...
12/07/2009 – (23hs 41m)
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