O que restou de um amor...
São só palavras soltas que me ocorrem
sem coerência alguma, sem talento.
São letras, espalhadas pelo vento...
catadas, e ajuntadas... uma a uma,
escritas, entre as lágrimas que morrem.
Releio... frase a frase sem sentido,
pois me prendi a elas, nesta hora,
e os nobres sentimentos de outrora,
não me pertencem hoje, não são meus...
restou, o adeus tristonho, dolorido.
São frias, rasuradas, e tão feias,
as falas que me achegam, aos ouvidos,
e ao reproduzí-las, são zunidos,
nenhuma delas, é do meu querer,
são sonhos rabiscados nas areias.
E tudo só porque fiquei sozinho,
porque já não escrevo, sobre amor,
também não falo mais, do teu carinho,
e nada que era bom, de seu, ficou...
nas letras me embriago, como vinho.
Me resta esse vazio, essa distância,
de tudo que eu mais gostei um dia:
dos lábios, doce e ternos, na lembrança,
das noites que brinquei... de poesia.
Me resta preso, forte, intenso grito
um grito que sufoca a grande dor,
nas letras que rabisco, nada penso...
sinais, equivocados, ex-amor:
que um dia foi intenso e tão bonito.
E assim vou qualquer coisa rabiscando,
sem tino, sem saber o que vai dar,
apenas sei que falo, de um amar,
que agora é o mais puro desengano...
e sei que nunca mais irá voltar!!