NA BERLINDA DA TRISTEZA
Neste momento sou réstia,
Que na parede aparece,
Meio esquisita e discreta.
Sou o que me resta...
A solidão me cerca e me aquece,
O sonho não mais me ilude.
Não temo o pesadelo
E na boa visto o modelo.
Desta forma imune a dor,
Aos queixumes e aos lamentos,
A tristeza tão temida é bem vinda
E se achega de mansinho,
Colocando-me na berlinda.
Ora, se nem o arrastar de chinelos
Numa casa vazia me dá medo!
Neste instante de realidade pura,
Absolutamente nada me assusta.
Então Dona Tristeza,
Faça a sua primeira pergunta!
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