- O rigor da sorte escura -
(Por Onofre Ferreira do Prado)
Vim ao mundo como todos vieram,
Sonhei como todos sonharam,
Carreguei pedras, encontrei muralhas,
Conheci tristezas e desventuras,
Caí, levantei-me,
Saciei o corpo,
Alimentei a alma,
Gritei, chorei, amei,
Quis vencer, não venci,
Quis ir, não fui,
Senti a aridez do tempo, dos muros,
Senti a frieza dos homens,
Tentei, tentei, tentei...
Sucumbi-me diante do Nada.
Hoje, solitário de tudo,
Sem lápide, sem epitáfio,
Descanso-me num lugar qualquer,
Entre o silêncio, o espaço celeste e uma cruz,
Aqui, igualei-me a todos os homens!...