Menina Morta

É como se a vida tivesse sido parada de ser vivida

Eu, apenas um alguem olhando pela janela

A menina de tranças crescendo

Tendo seus cabelos amarrados a um banco de praça vazio

Com idosos passando ao seu lado e contando-lhe como seria bom se ela pudesse andar como os outros

Então ela anda, através de pernas alheias

Através de olhos verdes que não são os seus

Ela inveja a cada abraço dado por quem simplesmente é proximo a ela

Ela se sente destruida a cada amor que nunca teve

Ela se sente como um ser indesejavel ao lado de quem se aproxima

A janela cai, o banco da praça desmonta, mas ela continua ali, parada como um cadáver

Um cadáver meio vivo que sente em suas veias a dor de um amor perdido

A dor do parto que nunca terá

A dor de uma irmã que a ama sem ao menos conhece-la

Mas ela tem medo

Ela é um cadáver humano afinal

Os erros dela são apontados por todos que passam pela praça

Ela é o erro

O erro que deveria ter morrido

O erro que nasceu para ser trocado

O erro que só tem um desejo

Ser amada e nunca mais trocada por mais uma carta do baralho

Perdoem a menina

Amem a menina

Pois essa menina sou eu

Sem as sapatilhas que lhe foram roubadas por uma doença acometida

A menina que precisa de compaixão para conseguir viver

Ela chora, noite e noites sem fim

As estrelas de seu céu desenhado no teto se apagam a cada vez que ela sonha

E ela percebe que o céu nunca foi seu sonho, que o céu só é limite para quem merece

E ela não é uma vencedora

Pois a cada chance dada ela perde

A menina cadáver não anda, não fala e não respira

Ela apenas olha, ouve e sente como se estivesse viva

Chorem em seu túmulo

Pois as rosas negras ainda a recolhem no seio da terra

Ela só quer um amor verdadeiro para que ela brote da terra vazia na qual está.

PS> se tive erro ortográfico tem um simples motivo, não leio após ter escrito para não tentar arrancar a pureza das palavras do momento em que as escrevi!

DannaBast
Enviado por DannaBast em 05/07/2009
Código do texto: T1684066