Serenata.
As vezes pego a minha viola e com ela violo os meus mais íntimos sentimentos. E ate a própria lua se espanta com minha maneira de violar, e fico assim por horas e horas cantando tudo que minha pobre alma chora, ate que no cansaço do corpo e já com tom um tanto rouco na minha voz, sinto que preciso parar, pois o sol já se anuncia por sobre a serra como que dizendo para esta cena se encerrar.
E ai eu durmo justamente quando é hora de acordar, pois troco o dia pela noite, uso os meus versos como açoite como se isto pudesse de uma certa forma ensinar, este tal coração rebelde que ainda não aprendeu as manhas e que agora nem bate, só sabe mesmo é apanhar. Mas de tudo isto eu tiro proveito, pois em vez de deitar no leito e ficar sempre a chorar, eu transformo tudo aquilo que me magoa e mata, numa bela e sentida serenata.