Dedicação de Rafael
À dedicação de Divavid,
nossa poetisa do outro lado do oceano,
do lado de cima da linha do Equador,
que nos brinda com as suas leituras e com os seus mais sinceros comentários.



HOUVE UM TEMPO – II

 
Houve um tempo
Em que eu queria morrer –
Nem doido nem doído,
Nem vazio nem vivido,
Apenas aquele desamor
Comendo a barriga,
Apertando-a, como espartilho.
A gente vai ficando sem Ideal,
Como se morrer já não doesse,
Como se o absurdo não mais chocasse.
 
Houve um tempo bonito
Em que eu cri que o Amor
Tudo, tudo, podia;
Depois entendi que o Amor
Só não podia criar-se amar.
Histórias somaram-se,
Memórias eu guardei;
Pedaços de vida,
Mas ainda Vida,
Cara, preciosa, muito cara.
Houve um tempo
Em que eu queria morrer.
É! Mas eu fui ficando . . .
 
                                               13.06.85