O palhaço

Venho dando cambalhotas

Daquelas, sem rumo, tortas

O pescoço dobra e as pernas soltam

Sem ritmo, sem rota

O sorriso pintado, escondido, borrado

Meio vermelho misturado

Um branco intenso, desbotado

Eu sou o palhaço

Rio do que não tem graça

Riso que faz rir e ao mesmo tempo disfarça

A dor, o amor perdido, a desgraça

Meio tonto, meio ao nada

Quem riu da minha palhaçada?

Quem cantou a canção na hora errada?

Quem eu fui no centro da praça?

O picadeiro é minha farça

Transformo meu coração numa pomba

Que voa, que arrasa, que vasa

O circo é a minha própria vida

Que me fere, que me afaga

Sou um palhaço sem sorte

Sorte no amor, sorte na sorte

Palhaços fazem palhaçadas

Palhaços não sabem de nada

Eles dão gargalhadas das risadas

Dão cambalhotas das mancadas

Choram apenas com uma lágrima

Palhaços assim, não têm mágica.

Erika Soares
Enviado por Erika Soares em 01/07/2009
Reeditado em 20/04/2015
Código do texto: T1676187
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