O palhaço
Venho dando cambalhotas
Daquelas, sem rumo, tortas
O pescoço dobra e as pernas soltam
Sem ritmo, sem rota
O sorriso pintado, escondido, borrado
Meio vermelho misturado
Um branco intenso, desbotado
Eu sou o palhaço
Rio do que não tem graça
Riso que faz rir e ao mesmo tempo disfarça
A dor, o amor perdido, a desgraça
Meio tonto, meio ao nada
Quem riu da minha palhaçada?
Quem cantou a canção na hora errada?
Quem eu fui no centro da praça?
O picadeiro é minha farça
Transformo meu coração numa pomba
Que voa, que arrasa, que vasa
O circo é a minha própria vida
Que me fere, que me afaga
Sou um palhaço sem sorte
Sorte no amor, sorte na sorte
Palhaços fazem palhaçadas
Palhaços não sabem de nada
Eles dão gargalhadas das risadas
Dão cambalhotas das mancadas
Choram apenas com uma lágrima
Palhaços assim, não têm mágica.