ampuleta
Quero aprender a ler
Apreender as letras
Escrevê-las na alma
E na areia branca
Sepultar seu significado
Sibilar no silêncio
a melodia secreta dos fonemas
mágicos
Só para ver seu sorriso
Seu plasma,
Seu corpo em movimento
Diante do vento
a eternizar teus passos
e odores
Quero aprender a ler
Apreender sua imagem
No filme da minha retina
Queimando diante do sol
Esfriando diante da lua
Envelhecendo lentamente
dia após dia,
palavra após palavra.
Que carcomida ainda
significa a expressão humana
da dor,
do amor
da selva misteriosa
E pétrea das cidades
cheia de urbanos sentidos
E de reticentes campos contidos.
No orvalho indecente
contido nos jardins
furtivos.
Aonde dormem todas as flores furtadas
no meio da madrugada.
Quero aprender a ler seus olhos
E quaisquer olhos.
Repaginar o possível
Percorrer o horizonte até o abismo
E mergulhada na essência
Emergir nua, crua
Insólita
Porém aprendiz...
Magicamente aprendiz
A que multiplica saberes,
sentidos e razões...
quero aprender,
quero apreender
a vida que escapa da
ampuleta da sala
derramando a areia do tempo
no meio do nada.