ampuleta

Quero aprender a ler

Apreender as letras

Escrevê-las na alma

E na areia branca

Sepultar seu significado

Sibilar no silêncio

a melodia secreta dos fonemas

mágicos

Só para ver seu sorriso

Seu plasma,

Seu corpo em movimento

Diante do vento

a eternizar teus passos

e odores

Quero aprender a ler

Apreender sua imagem

No filme da minha retina

Queimando diante do sol

Esfriando diante da lua

Envelhecendo lentamente

dia após dia,

palavra após palavra.

Que carcomida ainda

significa a expressão humana

da dor,

do amor

da selva misteriosa

E pétrea das cidades

cheia de urbanos sentidos

E de reticentes campos contidos.

No orvalho indecente

contido nos jardins

furtivos.

Aonde dormem todas as flores furtadas

no meio da madrugada.

Quero aprender a ler seus olhos

E quaisquer olhos.

Repaginar o possível

Percorrer o horizonte até o abismo

E mergulhada na essência

Emergir nua, crua

Insólita

Porém aprendiz...

Magicamente aprendiz

A que multiplica saberes,

sentidos e razões...

quero aprender,

quero apreender

a vida que escapa da

ampuleta da sala

derramando a areia do tempo

no meio do nada.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 30/06/2009
Código do texto: T1676009
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.