julgamento
julgamento no tribunal da consciência
a primeira instância
o primeiro instante
não conhece reconhece recurso
não tem segunda instância
ou segundo instante
o tribunal superior é post-mortem
e o juiz é Deus em seu altíssimo púlpito
entre nuvens e pedras
entre reticências e a duras penas
do destino capital
a selar a sorte e sabor das vidas e
das almas
Deus redistribui o ônus da prova
das provações
dos segundos engolidos pela
goela do tempo
Deus redistribui vidas e sobrevidas
discretos segredos
dispostos na palma da mão
nas borras de café
na face que tudo espelha
mas nem tudo vê
na precisão infinita do espírito.
quem julgará a flor de cactus?
o espinho, a cruz e o fardo
quem julgará a vitória- régia?
além da margem do rio e acima do céu
quem julgará os deus a brincar de dados
no gamão dos nossos corações
o silêncio,
a sabedoria
e a verdade que é mulher difícil,
misteriosa e fascinante.