A Tristeza
A tristeza vem de mansinho, procura espaço
Quer lugar no coração, quer a lágrima.
Não aceita as desculpas, as súplicas
Quer abrigo, cruel e impiedosa invasora
Desarruma, desordena a calmaria,
Anuvia o semblante, esconde a doçura,
Aprisiona o sorriso, sorrateira e transparente.
Atemporal e indesejada, finca o pé, quer ficar.
Rebelo-me, não permito que se instale.
Pode até chegar, desde que se vá, sem prolongar-se,
Afinal, é preciso recolher-se, recuar para refletir
Perenizar o sofrimento, nem pensar, não cabe em mim.
Afinal, nem boa companheira ela é,
Deprime, definha, denigre e desola.
Vai-te, singela e efêmera
Não causes estragos nem danos permanentes.