Insanas Perdas

Já não resiste às lágrimas
que lhe bordam a face
que tenta ocultar nos pontos
mais escuros da noite.
As mãos perderam
sua pedra preciosa,
não podem mais tocá-las.
Tanto brilho e encanto
e agora apenas pó.
Uma sonolência nervosa o avisa 
do fim da insônia,
a falta de motivação
ganha novo objetivo.
Reconhece o cansaço,
os pés estão doloridos,
os músculos adutores
já ameaçam cãimbras,
não há como fugir.
O corpo abatido lhe
reduz a ansiedade psíquica,
quer retornar
para o abrigo de sua casa,
precisa localizar-se.
Recompõe os passos,
substitui o desejo insatisfeito
por um certo desprezo
cheio de conveniências.
Se antes a companhia
parecia ser essencial
para poder viver,
agora  sente-se atraído
pela conquista da solidão.
A razão retoma as rédeas
das emoções em rebelião,
vê em si algo de patético e obtuso.
Os passos estão
cansados e sem rítmo,
mas são constantes.
Não sabe se está feliz ou triste,
mas sabe que sobreviveu,
que está feliz por estar vivo.
 

Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 16/06/2009
Código do texto: T1652155
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