Nevoeiro sombrio
vou forjar a eternidade
sobre esses ossos cansados
minhas veias terão todos os relógios
a pele será tecido de furacões
e nos olhos o infinito que o coração perdeu
anjos enlouquecidos pela solidão
povoam meus sonhos
tenho pena deles
como a dor no corpo ausente
doloridos pela espera
arrancado das trevas estão os braços
de remadores do lago
exaustos por rodear a superfície
dos medos e das nuvens
vou habitar ali pelo do trovão
próximo das despedidas
e da falta de fé
vou habitar aqui trovejante
contra a maré
na direção que se correm
ao contrario.