D E S I L U D I D O
O rosto contraído,
o caminhar lento e cansado
a todos demonstram
a dor que vai em minha alma.
Por ser intransigente,
e por dúvidas descabidas,
eu quis partir, e outros caminhos eu segui,
quando meu desejo era permanecer.
Mas como ficar ao seu lado,
sem dar vazão aos sentimentos?
Ao despedir-me,
a dor tornou-se maior e mais viva,
porque hoje eu sei
que deixei para trás, junto a você,
o que demais belo eu tinha em minha vida.
Agora que tudo é tarde
e que de nada adianta recordar,
a minha amargura, faz lembrar
da ternura que senti em seu olhar,
sua delicadeza ao pedir-me
que não a abandonasse,
e não me sai da memória
seu rosto emocionado, seu pedido apaixonado.
Por que houve de ser assim,
se eu a amava e era amado?
Em minhas angústias, em minhas lutas íntimas,
trato-me com rancor e vivo
brigando com o presente,
o passado tentando esquecer
e a cada dia sinto-me enlouquecer.
Ao deixar você, segui rumos incertos,
na minha ânsia de buscar algo melhor,
nos caminhos frios e tortuosos
debruçou-se sobre mim, o que havia de pior;
a tristeza e a dolorosa solidão,
que cada vez mais me arrastam
em uma negra direção,
caindo como uma folha seca,
que morre e rola pelo chão.