D E S I L U D I D O

O rosto contraído,

o caminhar lento e cansado

a todos demonstram

a dor que vai em minha alma.

Por ser intransigente,

e por dúvidas descabidas,

eu quis partir, e outros caminhos eu segui,

quando meu desejo era permanecer.

Mas como ficar ao seu lado,

sem dar vazão aos sentimentos?

Ao despedir-me,

a dor tornou-se maior e mais viva,

porque hoje eu sei

que deixei para trás, junto a você,

o que demais belo eu tinha em minha vida.

Agora que tudo é tarde

e que de nada adianta recordar,

a minha amargura, faz lembrar

da ternura que senti em seu olhar,

sua delicadeza ao pedir-me

que não a abandonasse,

e não me sai da memória

seu rosto emocionado, seu pedido apaixonado.

Por que houve de ser assim,

se eu a amava e era amado?

Em minhas angústias, em minhas lutas íntimas,

trato-me com rancor e vivo

brigando com o presente,

o passado tentando esquecer

e a cada dia sinto-me enlouquecer.

Ao deixar você, segui rumos incertos,

na minha ânsia de buscar algo melhor,

nos caminhos frios e tortuosos

debruçou-se sobre mim, o que havia de pior;

a tristeza e a dolorosa solidão,

que cada vez mais me arrastam

em uma negra direção,

caindo como uma folha seca,

que morre e rola pelo chão.

Elio Moreira
Enviado por Elio Moreira em 10/06/2009
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