Perdas e Danos


Tenta, a princípio,
descobrir o rosto
em uma fotografia.
Entretanto,
só visualiza a moldura
do porta-retrato.
Não consegue ver imagem,
apenas o quadrilátero vazio.
Ali deveria estar
a foto de ser tão estimado.
Mas não, apagou-se.
Um porta-retrato
sem nada portar.
Dissimula a dor.
Quer ocultar a ferida,
mas parece transparente,
translúcido
aos olhares alheios.
Uma vulnerável vidraça,
um alvo pronto
para ser estilhaçado.
Toda sua vulnerabilidade
a ser testada
pela dureza das pedras.
Desejaria
que dentre os projéteis atirados,
ao menos um acertasse
aquela moldura de vazio.
Seria
um final infeliz
compartilhado por ambos,
os 'pedregulhos do amor'.
Um destrato do apalavrado,
banindo as cláusulas
de humilhações e desaforos.
Banimento de um contrato inútil,
destituir de todas as linhas e traços,
deixando uma folha cheia de rasuras,
denunciando uma página
falsamente vazia,
obtendo-se um papel inútil,
e por isto, o fogo.
Incinerado em chamas
que pareciam incediar 
maltratados corações.


Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 05/06/2009
Reeditado em 13/06/2009
Código do texto: T1633522
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