Minhas lágrimas...
Não sei mais o que faço,
Minhas lágrimas toldam-me a visão...
Não sei mais o que escrevo...
Não pode estar mais triste o meu coração...
A alegria se foi, e a Esperança,
Terá de trocar seu nome
Para ser mais verdadeira...
Por que brotam tantas lágrimas dos olhos meus?...
É tão fácil sorrir nas fotos...
(- E meus olhos seguem procurando os teus...)
Visto outra vez a máscara da Comédia!
- Ela esconde a dor de tão grande Tragédia...
Na solidão me oculto;
Abriga-me a cama:
Estou em posição fetal...
Queria estar no grande
E aconchegante útero
Novamente...
Meu corpo imóvel
Suplica o perdão final
E pede o fim da jornada...
- Estou cansada...
Quero esquecer lembranças
Mas elas vêm
Bailando à mente...
Tenho medo do sono
Porque ele traz sonhos
E quando eu acordo
A dor é maior...
Queria dormir
Mas não este sono dos mortais!...
Queria o sono do diluir-se
Do não mais ser...
- Mas até os Anjos se calam ante tanta dor...
Até eles choram comigo
Por tão triste amor...
E fica um grande silêncio
No qual não existe abrigo
Nem lenitivo algum...
Nesta noite de inverno do sul
Minhas lágrimas são geladas
Como grandes geadas ao amanhecer...
O Minuano fustiga meu rosto
Que chora e sangra
Como fazia o rebenque do feitor
Nas costas do escravo...
Não há diferença: há um senhor
Que manda açoitar-me
Pois sou escrava do amor...
E hei de morrer no tronco
Machucada e esquecida...
Sozinha...
Porque do amor
Só a dor conheci...
Fui vencida...
E não serei redimida
Pois até os Anjos calaram
E choraram
Porque me despedi da vida...
Queria dormir...
- Para não mais sentir
As lágrimas teimosas
E os olhos que choram
E o sorriso que perdi
Em uma noite gelada
Do frio inverno do sul...
Onde não fui consolada
Porque pequei
Sonhando-me amada
Neste belo planeta
Que um dia, há muito tempo,
Foi o belo
Planeta azul...
- Hoje, de tanta tristeza,
como eu, certamente,
não conhece mais cor...
- Ele também pecou
E deixou-se destruir
porque muito amou...