VENTA A DOR NESTE MAR DE QUERER -TE

No fim da tarde calma

sinto que a saudade é doce melancolia

ao observar esta rua sem saída

rua nua

já se foram as ruidosas crianças

apenas restos de tijolos enjeitados

no vaso derrubado

resíduos de um lírio estéril

deita-se dolorido o domingo vespertino

balbuciante sob os arrebóis escarlates

que tingem a candidez

de olhos pisoteados

nos ocasos d’alma

secura ardente, retalhos

na retina tesa,

orvalhos

o bosque dos folguedos, aquieta-se

a corrente suave do rio

leva maviosas esperanças,

eis o denso vazio

ser-te mar

turvo ou cristalino

para o fel de Poseidon

ou mar para o melífluo lual do nosso amor

ser-te mar generoso, mas você indiferente

na alvura da espuma

pinga o sangue em dissabor

rochedo frio, soberano

sobre este mar sonoro e agitado a contemplar-te

rochedo altaneiro sobre as vagas que se ajoelham

esparramam-se reverentes

aos teus pés de abrolhos

ser-te mar

onde venta forte a dor.

poesiasegirassois.blogspot.com

Davi Cartes Alves
Enviado por Davi Cartes Alves em 28/05/2009
Reeditado em 28/05/2009
Código do texto: T1619208
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.