Os “ais” do meu sofrer...
Labaredas de fogo
Cercam-me
Quero gritar
A voz se tranca
Não sai
E o grito se perde
No silêncio
A queimar
O peito.
Diz-me...
O porquê dessa dor?
Há... Tu sabes tão bem!
Pois foi tu o causador
De tão sofrido coração.
Agora o fogo me consome
A agonia meu corpo toma
Pois é triste viver sem ti.
Grito
No silêncio
Querendo ser ouvida
Por ti...
Mas não me responde
Pois não pode ouvir
Meu lamento.
E as labaredas consomem-me
Devora meu ser
Como se eu nada sentisse
Não percebes minha dor
Meu sofrer.
Sãos... Ais... Ais... Ais...
No gemer
No grito
No lamento
No sofrer
No padecer
No fenecer
Que vai se esvaindo
De mim a vida!
E os “ais” vão gritando
Sem consolo
Sem alento
Apenas a dor
Desse momento
Faz-se presente
Em todo meu ser
Pela falta de ti!
Por onde andas
Eu não sei
Se pensas em mim também não
Pois esqueceste tudo
Que dissemos
Que vivemos
Que sentimos
Tudo foi sublime
Naquele momento
Hoje é dor
É solidão
É lamento
É sofrer
É o perder
Do que tanto desejamos
Ou fui só eu
Que senti
Que desejei
Que acreditei?
Será possível que fingiu tanto assim?
Quero acreditar que tudo foi verdadeiro
Mas sua ausência outra coisa me diz
E nesse mar de sofrer
Vou me perdendo
Enquanto as labaredas vão aos poucos
Devorando-me
Sem dó
Sem piedade
Até a morte chegar
E meu corpo a sepultura descer
Sem ter tido o prazer de:
Abraçar-te
Beijar-te
Saciar-me do sentir
Do querer
De te ter
Junto a mim.
E os “ais” vão gritando
Na esperança que ouça
E volte para mim
Antes que chegue o fim.
Rosa D Saron
Goiânia,21/05/2009
Brasil