Corte Profundo
Desta vez o corte foi profundo,
E, fatalmente acertou a jugular;
Nosso amor agoniza pelo ultimo segundo
E não há nada que o possa salvar.
Morreu precoce, nasceu prematuro;
De mãos atadas, vemos, com estupefação
O sentimento lindo e sem futuro
Morto pelo orgulho de um coração.
Qual bela ave que recém sai do ninho
E acaba caindo por não saber voar;
Também, ansiosos, erramos o caminho
E o anjo do perdão não veio nos visitar.
Eu queria ter fechado meus olhos
Para não testemunhar tal cena;
Mas vi, pesaroso, sentimentos amargos
Arvorando-se como o juiz que condena.
Como uma brisa, pouco durou
Foi extinto, tal qual espécie rara;
O amor acabou e o coração chorou
O egoísmo insensato infelizmente o matara.
Tenho ainda parca esperança
Que o dom de amar renasça um dia;
E com a fé pueril de uma criança
Creio que me consolarás na noite fria.