Foi numa tarde

Foi em uma tarde

Quando o sol fugia

E as sombras me banhavam na praça

à vista da noite chegando

Tão cedo.. e eu sem sono

Em um caderno preto

Marcado com trevo

Os amores eu fui riscando...

Quantas datas distantes

Que o tempo segurou à tinta

Na vida amarela impressa à folha

Fizeram-me chorar

Sonhos ali criados

Em noites sem vento, de harmonia

Um borrão preto à tinta

Cada amor que me matou

Em cada ano que vivi

Os olhos se enchiam de luz

Luz, onde o vapor das águas sumiu

Para cair em chuva

Sobre um broto qualquer

Que semeado está...

Foram os anos perdidos

Um exercito de versos

Agora marcham

RUmo ao abismo

Cheio de monstros e fogo

Onde a morte se envenena

Onde as trevas se escondem

Outrora chamado

Simples coração...

Não é a luz da esperança

Nem de um anjo saído dos sonhos

È a luz do passado

Radiosa, fumegante

Que me cega...