Último instante.
Num momento de pura fraqueza
diante de meus olhos surgiu.
As lágrimas rolavam no canto
de sua face rubra do frio
que caia na noite incessante
de uma triste semana de abril.
Um casaco de pele cobria
todo seu corpo juvenil.
A expressão em seu rosto mostrava
seu precário estado febril,
e num gesto sutil de seu braço
minha ajuda então ela pediu.
E de longe se podia ouvir
os apelos de seu estômago vazio,
que aguardava ansiosamente
por uma doação gentil,
enquanto seus pés enterrados na neve
sustentavam seu corpo doentio.
Tão jovem criança que vejo
agora em meio ao frio,
não só da fúria da natureza
mas também da solidão que sentiu,
quando, do calor aconchegante
de sua família fugiu.
A Deus eu pedi com franqueza
que de coração aberto me ouviu,
que recebesse a alma de minha filha
que naquele instante caiu e
fechando seus olhos, em meus braços
no último instante, perdão me pediu.