Último instante.

Num momento de pura fraqueza

diante de meus olhos surgiu.

As lágrimas rolavam no canto

de sua face rubra do frio

que caia na noite incessante

de uma triste semana de abril.

Um casaco de pele cobria

todo seu corpo juvenil.

A expressão em seu rosto mostrava

seu precário estado febril,

e num gesto sutil de seu braço

minha ajuda então ela pediu.

E de longe se podia ouvir

os apelos de seu estômago vazio,

que aguardava ansiosamente

por uma doação gentil,

enquanto seus pés enterrados na neve

sustentavam seu corpo doentio.

Tão jovem criança que vejo

agora em meio ao frio,

não só da fúria da natureza

mas também da solidão que sentiu,

quando, do calor aconchegante

de sua família fugiu.

A Deus eu pedi com franqueza

que de coração aberto me ouviu,

que recebesse a alma de minha filha

que naquele instante caiu e

fechando seus olhos, em meus braços

no último instante, perdão me pediu.

J Neves
Enviado por J Neves em 11/05/2009
Código do texto: T1587016
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