À frente de um Orfanato
Tremia como um cão molhado;
Triste, solitário.
Sozinho naquela noite,
Ele era apenas mais um,
Dos muitos já abandonados!
Suas lágrimas respingavam ao chão,
Abrindo sulcos incuráveis de dor.
Esse era o seu momento;
Único e intransferível,
Sentir a falta do calor.
Calor fraterno que nos é tão necessário,
Calor no sangue, ao qual nada é páreo.
Mas apenas o calor materno já estava bom;
Sentir a pressão normal do corpo da mãe contra o dele,
Abraçando-o e o envolvendo, protegendo-o.
Como faria qualquer mãe em sã consciência,
Ou qualquer mãe provida de amor e acalento.
Mas não, ela não estava ali.
Estava distante... inalcançável.
Só restara a lembrança.
Pura e simples lembrança,
Que chega sorrateira e mansa,
Quando menos se espera, menos se quer
Nos envolvendo em sua dor insana.
O equilíbrio parece deixar de existir.
Seu corpo flutua... voa...
Parece vibrar junto do vento gelado.
O poste se acende, brilha voluptuoso.
Mas ele foi deixado de lado.
Se pudesse voltar no tempo...
Trabalhar mais tempo nos semáforos,
Trazer mais dinheiro para casa...
Quem sabe... quem sabe...
Quem sabe ele poderia continuar lá,
Mesmo que recebendo apenas ordens, arranhão,
Dor no coração.
Mesmo assim estaria feliz,
Estaria em casa e com sua mãe,
Estaria longe da solidão.
E agora deita a cabeça,
Não é confortável, mas a única maneira.
O coração martela no peito,
Uma bigorna de peso inestimável.
As pálpebras se fecham; atrás o orfanato.
Ele é apenas mais um abandonado.