CANSEI

Cansei de ser eu.

Serei Maria, Joana, ou outra qualquer.

Cansei, por dentro e por fora;

não quero ser forte, não quero a luta.

Eu quero morrer tranqüila, agora.

Cansei deste suspiro, morada do inconsciente.

Cansei do que sei, porque no mundo,

por muito que saiba, jamais saberei.

Cansei, porque a chuva é tranqüila,

tão frágil, tão límpida.

Eu te digo meu amor: a chuva é mulher.

Ela sabe mais que eu. Ela cai lá de cima.

Cansei, poxa! Deixe-me cansar.

Porque já não quero ser forte,

já não quero a luta,

Ó, meu Deus, eu só quero a morte!