Nada Existente Do que Existiu
As manhãs tão brandas estão enfumaçadas;
As noites quentes com gente sorrindo pelas ruas,
Estão frias e vazias.
Nada existe do que existiu...
A vida, já sem vida, é quase morta,
Aquele que canta, não mais decanta a flor, a mulher; se calou,
descobriu na busca, a impureza e a exaltou.
Nada existe do que existiu...
A menina que veio, se foi,
a flor murchou sem ser olhada,
a paz foi quebrada, o silêncio sentiu a fuga
e quedou ao som da bomba.
Nada existe do que existiu...
O poema ficou na incúria, total abandono.
A inspirada fonte
que derramava versos em cascata,
calou-se despojada pelo poeta.
Hoje o cântico ressoa triste,
a existência se transformou
na perda total,
do que ontem existiu e hoje não mais existe.