POR QUEM CHORAS, SENHORA?
POR QUEM CHORAS, SENHORA?
Pelos campos de infames guerras
Entre maltrapilhos soldados
Perambulam restos humanos
Buscando despojos de senso
Nessa empreitada funesta.
Choram mães em longes terras
Mortificam-se mulheres amantes
Sucumbem esperanças e amores
Nas almas de filhos órfãos
Nesse angustiante abandono.
Onde chorar os filhos que partem
Indagam aflitas senhoras
Nos altares que conclamam a luta
Ou nas lajes onde repousam guerreiros
Eis a questão sem resposta.
Não choram por covardia
Os filhos que por lá tombam
Derramam prantos de angustia
Pelos amigos perdidos
E pelas amantes deixadas.
Que funeral mais perverso
Aos que ficaram sem cova
Rasgados pelos abutres
Em terra distante e estranha
Da Pátria por quem morreram.
Medalhas não trazem vida
Nos panteões não moram sonhos
Aos que ficam somente resta
Um grito de dor na garganta
E um amargo vazio pelas almas.