... DE LÁGRIMAS
Se chorei, não mergulhei em tanta lágrima,
não senti também as razões.
Se andei, não descobri o cansaço,
nem mesmo sei se existe.
Se cantaram o triste,
não ouvi sequer um sussurro.
Ah, não sei, nada me foi dito,
nem tampouco escrito.
– Vê, mundo desprovido de tudo!
Existo em você, aspiro, vegeto,
cresço em suas entranhas,
mas nada sei, nada faço.
Sou sim, um vazio, um pequeno traço
da deficiência humana,
que se desfaz e derrama
sua podridão em forma de tristeza,
gotejando uma imensa chuva
que chamam de lágrima.