AVENIDA GETÚLIO

Minha Avenida está morta

Dobrou sua última flor

Ninguém mais dela se importa

Nem conforta a sua dor.

Terra crua e imundícies

Vazam sobre seu canteiro

Em sua nua superfície

Não mais pisa o jardineiro.

Contrapõe-se o negro manto

Cada dia mais extenso

Urge que precisa tanto

Esse manto tão imenso?

A Getúlio não mais posa

Aos olhares de quem passa

Nem mais vinga uma rosa

Até a prosa já se escassa.

As matizes de outrora

Que encantavam o andejo

Acinzentaram-se há horas

Pelas moras e fraquejo.

O mor e seu jardineiro

Da manta negra são fãs

Sonham ver pelo canteiro

Tapetes gris nas manhãs.

A última flor plantada

Foi notada no Natal

De fibra pet empilhada

Sobre rosa natural.

Que saudades das roseiras

Em fileiras nas calçadas!

Das roubadas costumeiras

Às faceiras namoradas.

Contigo, minha Avenida

Logo, logo também morro

Por desgosto à tua vida

Sem guarida e sem socorro.

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 24/04/2009
Reeditado em 29/04/2009
Código do texto: T1557521