PAUTA EXTINTA

Adeus as flores,

aos poemas, minhas páginas amigas.

Adeus a chuva,

as silenciosas cantigas

dos pingos d’água.

Adeus ao cântico do pássaro, melodia eterna no ocaso.

Adeus a onda solitária

que morre nos braços da praia,

ou se acaba humildemente nas rochas.

Adeus as mechas dos seus cabelos

que violentamente tocavam meu rosto.

Adeus ao mundo que foi oposto

aos meus apelos.

Adeus pés descalços, em poças d’água.

Adeus madrugada de silêncio,

de sonhos etéreos,

de mistérios.

Adeus musas que trilharam minha poesia.

Adeus aurora, raiar do dia.

Adeus, tímido pôr do sol.

Sim, vou embora!

Não sei para onde.

Fujo da vida que se esconde.

Parto, de mim mesmo,

pois eu fico nesta página escrita a esmo.

Guarde este poema, esta vida sombria,

que extingue na extinta pauta da página.