Inferno
Esse acúmulo de coisas me maltrata.
“Coisas demais na cabeça...”.
Aparentemente normal.
Pra quem não se interessa em saber, problema banal.
O coração palpita quando já se sabe o que vai ser dito.
Novamente, a voz repreendedora se aproxima.
Nada do que será dito é uma rima.
Não há docilidade no que está por vir.
Como pode a fonte do afago ser tão destruidora?
Devo mesmo ser um asno inútil.
Esta seqüência de palavras me foi arrebatadora.
O caos dominou minha mente.
Nada resta além da desordem. Confusão.
Letras desmontam-se e deslizam,
escorrendo como sangue pelo papel.
No explodir na cabeça, tudo parece cruel.
É realmente difícil entrar num consenso.
Equilíbrio.
Falta-me um controle.
Qual inferno seria pior?
Reclusão ou repreensão?
Sempre preferem prender....
As letras já não são mais que uma poça.
O fruto do sangue escorrido...
Ácido. Uma poça ácida corroendo o chão.
O solo se esvai sob os pés.
Sem referências, a cabeça já não pensa.
Tudo indica a repreensão...
A repreensão também me indica a exclusão!
Abaixo do solo...
Olho para o alto e vejo o sangue ácido...
Pingando sobre a cabeça, agora sei de onde vem...
Sou eu! O problema sou eu!
Mais uma vez aqui em baixo...
Subirei novamente e verei:
Será que farei diferente?