ALGUÉM...
Alguém me escuta
o desabafo sincero,
peito em desespero
d'uma incerteza que permuta
entre desatino e coerência,
desalento e harmonia,
lágrimas e sorrisos?
Alguém me ampara
de insegurança tão cara,
que arfa febrilmente
em minha dolorosa mente?
Enxaqueca me cobre
e o coração já pobre
desanima a esperança...
Alguém me ajuda
nessa luta muda,
desenrolada aqui dentro
deste jovem sofredor
perambulando pelo centro
desta miserável dor
que o consome vorazmente?
Alguém me socorre
para que este porre
que embriaga com violência
esta alma sombria
sem a luz que o mantinha
de pé perante a vida
sem idéia suicida?
Alguém? Por favor...
Alguém... repara meu pavor!
Solidão! Que horror!
Não sou moribundo
tão menos vagabundo!
Apenas outro atormentado
em um destino malfadado:
desditoso,
desgotoso,
insensível...
Eterno
não terno
imprevisível...