Impressões tão enganosas...

Nada é mais vil e provinciano

Que deixar-se ir pelas aparências

Traduzir conforme a sua demência

Senil que pariu da inconsciência

Esse tal de levar ao pé da letra

É o mal que assola a tua viola

Como quem tem titica na cachola

Interpretar uma moral sem calçola

Como sofre o tal poeta que consola

A viúva, amante, solteira ou a casada

Procurando apenas soltar seus versos

Sem se preocupar com quem atravessa

Dessas comadres infelizes linguarudas

Que se ocupam de viver doutras vidas

Promovendo a discórdia e a desdita

Com fofocas de suas bocas malditas

Assim o poeta se cala e aquieta a boca

Para não alimentar as infelizes na toca

De sua lavra, nenhuma só mais palavra...

Apenas servirá de bandeja seus poemas

Aos puros, verdadeiros e sem dilemas

Que entendem que a arte tem seus dramas

Que não se sufoca a quem tanto se ama

Deixando-o livre para voar a sua chama

E quem vive assim nunca se engana...

Nem dá bucha de canhão aos sacanas

Por crer que o que vale é ser bacana

E vai dormir inocente como uma criança

Hildebrando Menezes

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 17/04/2009
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