Em silencio
Em silencio absoluto
Verto lágrimas transparentes
Que desbravam calmas
O percurso tortuoso da alma
E os recônditos da mente.
Na mudez do meu pranto
Habito o mundo árido
Da minha lembrança.
Em cada pensamento pálido
Que na noite nua me alcança
Visito todos os dias
Amarelecidas páginas,
Velhas fotografias;
Revolvo a finita esperança
E a imagem fugidia
Cuja marca insistente
Persiste na lágrima indolente
Que na face principia
Uma cascata intermitente
De permanentes ausências.
Jorram límpidas transparências
No fluxo da minha poesia:
Dor quieta e indigente
Que em mim se silencia.