Na palma da minha mão
Poderia explodir de raiva
Ou me isolar de tristeza
Ao saber que as pessoas
Que deveriam nos apoiar
Nos açoitam as costas
E nos tiram a certeza
De que é possível acreditar na humanidade
Ao ver seu sangue no corredor
Culpei imediatamente o agressor
Mesmo sem saber quem este fosse
A dor não passou ainda
Dói muito, uma dor interior
É ácida, densa e sem doce
Escureceu-se naquele momento
Tudo o que eu poderia nomear
Esqueci o conhecimento
Senti escurecer
Lamentei o esquecimento
Fiz-me levantar
Seu corpo era, como sempre fora, pequeno
Indefeso, dupla cor, branco e amarelo
Não digo que fosse bonito, mas falava:
"Quando crescer, ficará, eu espero..."
Diferenças eu observei imediatamente
Seus olhinhos, redondos e escuros
Pareciam menos atentos ao leite
Seus pelinhos, umedecidos com seu sangue
Não me causavam mais alegria ou deleite
Marcas no piso revelaram
Toda a guerra que ali se travou
Contra um gigante inocente
Que, em sua tolice o massacrou
Não pude acreditar, como até hoje não posso
Na possibilidade de um atentado cruel
Seria condenar uma alma inocente
E cancelar sua candidatura ao céu
Mas, voltando ao meu querido amigo
Resta-me só a lembrança
Além da inexistente esperança
Que eu tinha de vê-lo crescer
Crescendo ao meu lado
Comigo sendo criado e alimentado
Sempre, pela manhã, ao dar de comer
Vislumbrava o desenvolvimento daquele
Que era apenas mais um ser
Depois que enchia a barriguinha
Ronronava em meus ouvidos
E, com um leve arranhar das suas unhinhas
Afagava meu pescoço
Vez por outra
Perdia a calma e me atacava
Sem eu perceber
Levava aquela dentada
Então eu o jogava em sua cama
Para tentar fazê-lo dormir
Bobagem de minha parte
Já que ele aguardava o mundo inteiro por vir
Corria, pulava, mordia e rolava
Sozinho
Ao vê-lo brincar, enquanto eu olhava para ele
Durante alguns segundos, vagueava minha mente
Recordando do dia que nos conhecemos
Ele veio na palma da minha mão
Salvei-o das mão de tiranos
Agradecido, apenas olhava para mim...
Agora choro pela dor,
Saudade,
Tenho medo, medo de saber a verdade
E tenho vergonha de abrir meu coração...
Choro de alegria
Por lembrar o que ele significou para mim
E caminhando continuo levando-o de volta
Da mesma maneira que ele chegou aqui
Na palma de minha mão
Poderia explodir de raiva
Ou me isolar de tristeza
Ao saber que as pessoas
Que deveriam nos apoiar
Nos açoitam as costas
E nos tiram a certeza
De que é possível acreditar na humanidade
Ao ver seu sangue no corredor
Culpei imediatamente o agressor
Mesmo sem saber quem este fosse
A dor não passou ainda
Dói muito, uma dor interior
É ácida, densa e sem doce
Escureceu-se naquele momento
Tudo o que eu poderia nomear
Esqueci o conhecimento
Senti escurecer
Lamentei o esquecimento
Fiz-me levantar
Seu corpo era, como sempre fora, pequeno
Indefeso, dupla cor, branco e amarelo
Não digo que fosse bonito, mas falava:
"Quando crescer, ficará, eu espero..."
Diferenças eu observei imediatamente
Seus olhinhos, redondos e escuros
Pareciam menos atentos ao leite
Seus pelinhos, umedecidos com seu sangue
Não me causavam mais alegria ou deleite
Marcas no piso revelaram
Toda a guerra que ali se travou
Contra um gigante inocente
Que, em sua tolice o massacrou
Não pude acreditar, como até hoje não posso
Na possibilidade de um atentado cruel
Seria condenar uma alma inocente
E cancelar sua candidatura ao céu
Mas, voltando ao meu querido amigo
Resta-me só a lembrança
Além da inexistente esperança
Que eu tinha de vê-lo crescer
Crescendo ao meu lado
Comigo sendo criado e alimentado
Sempre, pela manhã, ao dar de comer
Vislumbrava o desenvolvimento daquele
Que era apenas mais um ser
Depois que enchia a barriguinha
Ronronava em meus ouvidos
E, com um leve arranhar das suas unhinhas
Afagava meu pescoço
Vez por outra
Perdia a calma e me atacava
Sem eu perceber
Levava aquela dentada
Então eu o jogava em sua cama
Para tentar fazê-lo dormir
Bobagem de minha parte
Já que ele aguardava o mundo inteiro por vir
Corria, pulava, mordia e rolava
Sozinho
Ao vê-lo brincar, enquanto eu olhava para ele
Durante alguns segundos, vagueava minha mente
Recordando do dia que nos conhecemos
Ele veio na palma da minha mão
Salvei-o das mão de tiranos
Agradecido, apenas olhava para mim...
Agora choro pela dor,
Saudade,
Tenho medo, medo de saber a verdade
E tenho vergonha de abrir meu coração...
Choro de alegria
Por lembrar o que ele significou para mim
E caminhando continuo levando-o de volta
Da mesma maneira que ele chegou aqui
Na palma de minha mão