Eu me calo
Eu me calo por ter um nó na garganta
Eu me calo por querer a paz
Eu me calo porque sangro dentro
E de sangue não quero sujar
O mundo que tanto contemplo
A dor eu prefiro guardar
Eu me calo por ter braços fracos
E não conseguir lutar
Eu me calo por que quando falo
Sinto a dor inundar a alma
E dos olhos insensíveis saltar
Meu ponto de ebulição
Eu me calo por preguiça
Eu me calo porque sei que não vai adiantar
Eu me calo porque não sei explicar
O mais profundo de meu ser
E o que o faz sofrer
O ódio eu prefiro matar
Eu me calo porque uma briga
Deixa mais feridas em mim do que no outro
Eu me calo porque um choro
Só é choro quando solitário
Cada lágrima é ouro
O ouro é melhor proteger
Eu me calo porque tenho alma
Eu me calo porque ela se cala
Eu me calo porque me calam
E me trancam na escuridão
Enquanto das inúteis razões falam
Do cérebro eu prefiro o coração
Enfim, me calo, me fecho, me escondo
Oculto o território para ninguém invadir
Me calo porque o silêncio é melhor do que ouvir
Eu me calo porque a dor só é dor se expondo.
E assim simular uma solução dentro de mim mesmo.