Morte em Vida

Como animal assustado,

enverga o homem o desamparo em carência.

Embora doa, dele escoa silenciosamente,

o ser inconsistente, descontente.

Ruidosamente,

atrevido desamor premente

em revolta agride, transgride.

Ao previsível se apega, a criação sonega,

em rotina se afoga, de si perdido.

Iludido, em fantasia vestido,

verte riso disforme, falido,

esconde infeliz depressão.

Doida vida o consome,

nos sentidos que goza, infeliz solidão.

Doente dos olhos não vê,

toda ordem de fome

em droga diária,

em consumo distorce seu ser.

Alegria perdeu-a, infeliz possessão,

desfigura a virtude, se engana,

num bem que não existe, insiste,

só pra ser, aparente bem ser somente.

Desconforto rouba a paz,

fali a alma exaurida

e todo ser , por mais não ser...

Tudo perde,

da esperança de viver.

Gaiô.