DOR
A dor física quando nos ataca
É como sereno que traz calma
Comparada a dor que até mata
Que é a dilacerante dor da alma
Diante da morte irreversível
De todo ser humano, material,
O que me deixa mais sensível
É ver alguém sofrer num hospital
O vai e vem constante dos de branco
A correr, socorrer e medicar
Aliviam as dores, calam o pranto
Más, não conseguem a alma consolar
Ainda que sejam como heróis
Que se doem com amor e ternura
Aos pobres mortais dos lençóis
Não conseguem evitar a amargura
E eu, mãe, te vendo assim sofrer
Não sei se fujo ou se fico ao seu lado
Tenho medo de até enlouquecer
De impotência, de dor, de estar parado
A única coisa, minha única esperança
É que o MÉDICO dos médicos, não tarde
Não falte a esta minha confiança
Que ainda em meu peito arde
E que de branco, como médicos e enfermeiros
Traga-te calma, conformação e calor
E à nossas almas, como seres primeiros
Dê calma, consolo e muito amor.